segunda-feira, maio 22, 2006

Ela andava pelas ruas sem rumo. Não sabia, não sabia. Mas procurava. Sabia que quando encontrasse, ia saber. Reconheceria cada detalhe da face escondida nas sombras, tímida ainda, sem saber se seria reconhecida. Enquanto não, ela ia. Só ia. Com o vento, grande amigo do tempo e dos sonhos. Ela jogava palavras ao vento! Era sua brincadeira preferida. E ele demorava um tempão pra conseguir juntá-las de forma coerente. Quando já cansado de tentar, lhe perguntava a resposta, adivinhem? Ela não sabia! Então o vento, zangado, ia pra longe e ela ficava sozinha. Andava, andava, andava. Luzes. Ela gostava das variadas luzes que encontrava à noite nas ruas. Noite. Ela gostava da noite. Do cheiro da noite. Respirava fundo pra conseguir se encher até a boca daquele frescor. Pensava, pensava. Mas ficava triste porque lembrava que não sabia. E o não saber a assustava. Temia. Mas o tempo era lento, e ela era bem mais rápida. Por isso não sabia. Estava no tempo errado. Quando conseguisse sincronizar o tempo, saberia.

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