terça-feira, agosto 23, 2005

Não gosto de usar sapatos.
Não gosto de nada que aprisione meus pés.
Quando sento no ônibus, a primeira coisa que faço é tirar os sapatos. Esticar os pés. Torcer e contorcer cada dedinho que antes sofria aprisionado, comprimido, limitado, com privação total de movimentos. Liberdade para os pés é como ser livre de um todo. É como se minha liberdade começasse pelos pés. Pés livres significam que eu posso ir pra onde eu quiser, pois são os pés que me aprisionam ou libertam. São os pés que me levam a conhecer o mundo ou que sequer saem dos limites da jornada casa-trabalho-casa. São os pés que seguem a direção que o cérebro manda, então é imprescindível que os pés sejam livres, assim como os movimentos dele sejam livres pra libertar a minha mente, pra voar e explorar lugares desconhecidos que uma pessoa tolhida jamais conseguirá descobrir. Meus pés desejam liberdade, pedem por liberdade. Desejam conhecer, explorar, sentir. Sentir a terra, sentir o chão, sentir o molhado, o quente, o frio, cadsa sensação. Eles desejam senti-las. Desprotegidos sim, mas livres. Porque a liberdade não é inofensiva. Liberdade é dar a cara a tapa, é experimentar, não gostar, mudar, machucar, acertar. Mas sempre consciente de que tudo o que você fez, foi feito porque você é livre. Porque você pode e quer e não há nada nem ninguém que interfira nisso.
Liberdade são pés livres.

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