Se ontem eu tivesse que conjurar um Expecto Patronum, eu não conseguiria. Foi um dia triste. Triste, triste. Eu bem que tentei lembranças felizes, mas nada era suficiente. Nada. A única coisa que me acalmou foi lembrar de um lugar da minha adolescência aonde eu me sentia acolhida e protegida. Protegida do mundo, protegida da vida. Essa foi a lembrança mais próxima de uma lembrança feliz. Foi uma lembrança de colo, de aconchego. Meu patrono sairia bem fraquinho. Tudo colaborava, inclusive o tempo. Um dia cinza, com uma chuvinha fina que não parava de cair. O dia inteiro. O universo chorava, parecia. Tudo mais triste. O mundo mais triste. Várias perguntas na mente, várias, várias. Respostas? Praticamente nenhuma. Mas algumas certezas. Que sempre me salvam. Aliás, pouquíssimas coisas me salvaram ontem. A música sim, sempre ela, no final do dia. E algumas pessoas boas ao meu lado. Mas ninguém sabia que eu chorava junto com a chuva. Certas dores são tão delicadas e tão pesadas e tão absurdas que simplesmente não dá. Não dá pra compartilhar, não dá pra explicar, não dá pra falar. Só, claro, com quem sente a mesma dor. E estamos todos assim, numa mesma dor. Aquela dor de desamparo, de estupefação, de impotência. Às vezes tenho medo da felicidade.
quarta-feira, agosto 29, 2007
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