quarta-feira, novembro 29, 2006

"...
--- Adeus, disse ele à flor.
Mas a flor não respondeu.
--- Adeus, repetiu ele.
A flor tossiu. Mas não era por causa do resfriado.
--- Eu fui uma tola, disse por fim. Peço-te perdão. Trata de ser feliz.
A ausência de censuras o surpreendeu. Ficou parado, inteiramente sem jeito, com a redoma no ar. Não podia compreender essa calma doçura.
--- É claro que te amo, disse-lhe a flor. Foi por minha culpa que não soubeste de nada. Isso não tem importância. Foste tão tolo quanto eu. Trata de ser feliz... Mas pode deixar em paz a redoma. Não preciso mais dela.
--- Mas o vento...
--- Não estou assim tão resfriada... O ar fresco da noite me fará bem. Eu sou uma flor.
--- Mas e os bichos...
--- É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer borboletas. Dizem que são tão belas! Do contrário, quem virá visitar-me ? Tu estarás longe... Quanto aos bichos grandes, não tenho medo deles. Eu tenho minhas garras.
E ela mostrava ingenuamente seus quatro espinhos.
Em seguida acrescentou:
--- Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora !
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa... "

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